A médica pediatra e intensivista Gina Tronconi atende crianças em seu consultório, em hospitais de Anápolis e também coordena Centro de Terapia Intensiva (CTI) para internação dos pequenos. A profissional experiente e querida na cidade deu uma entrevista contundente, na última sexta-feira (11), aos apresentadores do jornalismo da Rádio Manchester, Serleyser Araújo e Fernanda Morais. Gina lamentou que colegas médicos estejam ajudando a propagar informações falsas a respeito da vacinação de crianças contra a Covid-19, fez um apelo para que os pais acreditem na ciência e revelou que a realidade nas UTIs não é nada boa atualmente devido à evolução da doença nas crianças que não foram imunizadas contra o coronavírus. Leia a seguir o que disse a médica pediatra.
Qual a importância dos pais vacinarem seus filhos?
Eu não tenho dúvida que a vacinação é a arma que temos para combater essa doença que tem matado, que tem adoecido adultos e crianças, principalmente. Estamos notando a diferença do perfil hoje do acometimento das nossas crianças com essa nova variante. Na verdade as crianças precisam ser vacinadas, para serem protegidas e para não pegarem doenças graves e nem serem transmissoras dessas doenças.
Ou seja, a recomendação para as crianças, com comorbidade ou não, é que sejam vacinadas?
Nós que trabalhamos na pediatria estamos percebendo um número muito maior de crianças doentes agora do que no início da pandemia. A gente que vivencia a UTI, internações de crianças nas enfermarias, não temos dúvida da importância da vacinação. Cada vez mais nós notamos a presença de crianças acometidas pela doença. Os pais precisam se conscientizar, apesar de infelizmente nós termos até colegas da área da saúde falando contra a vacinação, fazendo vídeos contra a imunização. Nós temos que fazer com que os pais acreditem na ciência, acreditem que existe vacina para proteger seu filho contra a forma grave dessa doença, que é a Covid-19. A criança pode até pegar, mas não vai ficar grave, assim como o adulto. Somos vacinados, os que se propuseram a vacinar, pois infelizmente temos adultos que ainda não se vacinaram e não querem, pegando a doença grave. Agora os vacinados, nós sabemos que estão pegando, mas não estão manifestando nenhum sintoma, nenhum sinal da doença, muitas vezes só descobrem porque vão fazer um teste. Com as nossas crianças é a mesma coisa: se vacinou pode até pegar a Covid-19, mas não vão ficar doentes graves. E os pais precisam acreditar nas informações cientificas, nas informações verdadeiras, porque estão aí diuturnamente na mídia [falando] contra a vacina, inventando histórias mentirosas contra a vacina. Os pais precisam vacinar seus filhos. Os pais precisam ter responsabilidade e saber da importância de levarem seus filhos para vacinarem ou autorizarem as escolas a fazerem a vacinação, como já ocorre em São Paulo, local que está muito a frente das outras cidades na vacinação das nossas crianças.
A senhora tem experiência grande na área de UTI pediátrica. Qual a realidade atualmente?
Nossa realidade não é boa. Temos crianças que são admitidas com quadro de diarreia, que nem tem sintomas gripais, mas tem dor abdominal, diarreia intensa, febre de origem teoricamente indeterminada, e aí a gente decide fazer o exame, a mamãe às vezes fica até meio assustada, questiona que a criança não tem nenhum sintoma, mas de repente você faz o teste e dá positivo. Nós estamos tendo bebês pequenos, recém-nascidos, lactantes, bebês de três a quatro meses, com Covid-19 na UTI. Essa doença não vê idade. Então nós temos que vacinar as nossas crianças, a realidade das UTIs hoje, pelo menos na UTI que eu trabalho, não é boa. Não é uma realidade boa. Estamos tendo crianças que às vezes a mãe nem sabia que a criança tinha sido acometida pela Covid e internam com quadro grave de síndrome inflamatória multissistêmica, a mãe nem sabia que a criança estava com a Covid, mas a gente faz o exame e dá positivo. Então é essa a nossa realidade hoje. Esse é o nosso desespero hoje, de ver que ainda tem pais e mães que não acreditam na vacina, que desmerecem a proteção que a vacina dá, que é muito grande, e continuam não querendo levar seus filhos para vacinarem. Eu fiz um apelo à imprensa de uma maneira geral: que batam na tecla, que façam o uso da influência que vocês têm, para mostrar à população como um todo – não digo só pais e mães, mas adultos que não querem se vacinar – que se vacinem, que não escutem essas pessoas que falam que vai virar jacaré, que dá reação disso ou daquilo, que mata, que dá problema neurológico, que dá problema cardíaco. Que não escutem esse tipo de informação, que é errada e está atrasando a nossa vacinação, está atrasando o controle dessa infecção. Ontem [10/2] tivemos mais de 1,2 mil mortes no país. Isso é um absurdo. As campanhas precisam ser maciças, as campanhas devem ser diárias na televisão, na imprensa de uma maneira geral, nas rádios, falando da importância da vacinação, pois a realidade hoje nas UTIs não é boa.
Gostaria que a senhora falasse do benefício da vacina frente ao risco que a doença oferece.
O risco de se ter alguma reação da vacina é infinitamente menor que a proteção que essa vacina dá. Isso como todas as outras vacinas que temos no nosso calendário. Dá uma reaçãozinha, mas protege contra doenças graves. Os pais precisam escutar, precisam entender, a mídia precisa mostrar, as nossas entidades precisam mostrar para esses pais e que eles levem seus filhos para vacinar. Seu filho pode até pegar a doença, mas se ele estiver vacinado ele pegará a doença de uma forma leve, ele não vai correr o risco de pegar uma doença grave, ir para uma UTI e até morrer por causa dessa doença. É esse apelo que eu faço como pediatra: graças a Deus a maioria da classe médica é a favor da vacina, está fazendo campanha para isso, que nossas crianças sejam vacinadas. Se puderem da autorização para que as crianças sejam vacinadas nas escolas, que façam isso. Não acreditem em fake news, não acreditem em pessoas que estão falando contra a vacina, vamos nos atentar que se trata de uma questão de saúde pública, é algo de vida ou morte para o seu filho, então vacine. Essa é a orientação que a gente dá: vacine, vacine e vacine. Sem nenhum temor, sem nenhum medo.
Covid-19: saiba onde vacinar seu filho com idade entre 5 e 11 anos em Anápolis
Escola Municipal Professora Josephina Simões
Munir Calixto
Segunda-feira, 14 de fevereiro das 13h às 17h
Terça-feira, 15 de fevereiro das 7h às 11h
(com a presença dos pais ou responsáveis)
CORONAVAC para crianças de 6 a 11 anos (exceto imunossuprimidos)
→Das 8h às 16h (mediante distribuição de senhas)
Unidades de saúde Alexandrina, Santa Izabel, Calixtolândia, Jardim Guanabara, Santa Maria de Nazareth, Vila Fabril, Vila Formosa, Jardim Suíço e Vila Esperança.
→Das 8h às 21h (mediante distribuição de senhas)
Unidades de saúde Recanto do Sol e Vila União
PFIZER Pediátrica para crianças de 5 a 11 anos
→Das 8h às 16h (mediante distribuição de senhas)
Unidades de Saúde Munir Calixto, Vivian Parque e Adriana Parque
→Das 8h às 19h (mediante distribuição de senhas)
Unievangélica
→Das 8h às 21h (mediante distribuição de senhas)
Unidade de saúde Filostro Machado