O Sindicato dos Professores da Rede Municipal de Ensino de Anápolis (Sinpma) realizou assembleia geral na noite de ontem (27) e decidiu por realizar um dia de paralisação das aulas, marcado para 9 de maio. A entidade espera receber além do percentual de 18% de aumento que está sendo pago pela administração municipal não só aos docentes, mas a todo o funcionalismo público.
O tamanho do aumento concedido em Anápolis ultrapassa o acumulado da inflação no período, portanto representa um ganho real. Enquanto diversos municípios brasileiros não conseguiu atender a data-base do seu funcionalismo e tem oferecido na mesa de negociações um reajuste que fica abaixo dos 10% da inflação, Anápolis saiu na frente com os 18%, apesar de o Sinpma considerar que é preciso avançar para além disso.
O cenário em Anápolis retrata justamente aquilo que foi antecipado por reportagem do DM Anápolis: em ano eleitoral, greves com tempero político ganham o Brasil de norte a sul. Com a participação direta de integrantes de partidos políticos, esses movimentos desafiam decisões judiciais, miram espaços eminentemente políticos, como as câmaras municipais, e não aceitam sinalizações de reajustes propostos.
O Sinpma é presidido por Márcia Abdala, que se envolveu na eleição municipal de 2020, manifestando apoio à candidatura derrotada e que era a principal oposição à gestão atual, de Antônio Gomide (PT). A sindicalista liderou recentemente uma greve que não teve a adesão dos professores e, por isso, acabou morrendo de inanição. O motivo: o Sinpma entendia que mesmo com os professores e servidores da Educação vacinados contra a Covid-19, ainda não era o momento do retorno às aulas presenciais. O movimento grevista foi rejeitado por pais e educadores, que apoiaram o plano de segurança da Prefeitura de Anápolis que demonstrou, meses depois, ter sido acertado.
Vários esclarecimentos já foram feitos a partir do momento em que o presidente Jair Bolsonaro (PL) anunciou reajuste de 33% no piso nacional do magistério, uma conta que caiu no colo dos prefeitos. O mais importante é que a nova lei do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb), sancionada em dezembro do ano passado, revogou o artigo que obrigava os gestores a concederam a correção salarial ao magistério, mantendo apenas a obrigação de se pagar o piso nacional. Anápolis já cumpre essa determinação e concedeu esse ano os 18% de aumento.