Goiânia é a única cidade no país com médicos oficialmente autorizados pela ANR (Accelerated Neuro Regulation) a oferecer o método Waisman como oportunidade de cura a viciados em opióides no Brasil. “Todos os doentes internados recebem alta sem a dependência e abstinência. Ficam limpos e sem ânsia”, afirma o médico Hélio Vilaça, um dos responsáveis pelo tratamento em Goiás. O método desenvolvido pelo médico Andre Waisman visa curar a dependência em 36 horas de internação.
A prescrição inadequada de analgésicos opióides para o controle da dor e o aumento de pacientes dependentes desses narcóticos têm preocupado os médicos e gerado um temor de que o Brasil possa enfrentar uma “epidemia” de abuso dessas substâncias, como as registradas nos Estados Unidos nos últimos anos. “O mais grave é que os opióides causam dependência como as drogas ilícitas e seu consumo em altas doses pode levar à morte”, afirma o médico anestesista, Francisco Baía, também responsável pelo método em Goiânia.
Opióides são um grupo de medicamentos que atua nos receptores opióides em vários locais no organismo, desde o sistema nervoso central a diferentes órgãos, e ajuda na diminuição da dor. Inclui-se na lista desses medicamentos o Tramal, Fentanil e a Morfina. Apesar de agirem na diminuição das dores, os opióides atuam também no sistema respiratório e, em altas doses, provocam overdose e parada respiratória. Além disso, de acordo com os médicos, o vício provocado pela medicação aumenta os índices de depressão e suicídio.
A luta contra o vício de opióides vai muito além da força de vontade. A abstinência da medicação provoca reações físicas como vômitos e diarreia. Segundo o médico Hélio Vilaça, muitos dos que tentam se desintoxicar não conseguem passar pela crise de abstinência. “Ou, quando passam, acabam voltando ao vício”, relata.
A diferença do método com outros tratamentos de dependência química é que a cura vem com 36 horas de internação. O processo envolve a Neuroregulação, à base de naltrexona, e age diretamente no cérebro. “O objetivo é restabelecer a produção de endorfina a bons níveis em menos de dois dias e não em duas semanas”, informa Francisco Baía.
Todos os pacientes internados recebem alta sem a dependência. Ficam limpos e sem ânsia. A reincidência no vício, neste caso, segundo o médico Hélio Vilaça se torna uma opção. “Realizada a neurorregulação o paciente é neuro regulado e o retorno ao uso dessas substâncias é uma questão opcional, não mais uma necessidade fisiológica”, conclui.
Atualmente o tratamento é realizado apenas na rede particular, mas os médicos esperam que, no futuro, esteja disponível também no Sistema Único de Saúde (SUS) e que receba cobertura dos planos de saúde, democratizando o acesso à cura da dependência em opióides.