O União Brasil de Anápolis vive uma crise política por conta da suspeita de que uma de suas candidatadas que concorreu à eleição em outubro era uma “laranja”, ou seja, apenas cedeu seu nome sem fazer campanha. O objetivo neste caso é que mulheres ocupem as vagas previstas em lei para que mais homens possam concorrer.
Acontece a prática é considerada crime eleitoral e, se comprovada, pode levar à anulação dos votos de toda a chapa. Neste caso, em Anápolis, o vereador reeleito Wederson Lopes perderia a vaga na próxima legislatura, abrindo vaga para um suplente, após a recontagem dos votos.
As suspeitas giram em torno de duas informações. A de que Sumaya Miguel recebeu somente R$ 700 de ajuda partidária para sua campanha e não gastou absolutamente nada com seu projeto.
Outro ponto é a Saúde da candidata. Ela enfrentou uma grávida de risco, o que a impossibilitava de fazer campanha. A recomendação legal nestas situações é que o candidato que fique impossibilitado informe sua situação ao partido e solicite a troca de seu nome.
Mas não foi isto o que aconteceu. Sumaya não informou e muito menos foi trocada. Em entrevista a uma emissora de rádio de Anápolis, Wederson Lopes justificou que a alegação para o baixo desempenho foi a gravidez de risco que, segundo ele, só foi descoberta no fim da gestação. “Ela então colocou o pé no freio e não pode ir pras ruas pedir o voto”, disse, justificando o fato de ela ter tido 13 votos.
A própria Sumaya, também em entrevista a outra emissora da cidade, disse que “no final, a gravidez se tornou de risco”. “Mas não me impediu em nada, porque campanha em rede social eu poderia muito bem fazer tranquilamente. Eu tenho a minha família comigo que poderia me ajudar a entregar os santinhos, que foi me dado pelo partido. Então, foi uma limitação curta. Eu não podia ir para o meio da rua, jogar santinho no alto e falar, olha, tá aqui meu santinho, né?”, explicou.
Acontece que as informações entram em contradição com um diálogo da própria Sumaya a qual o Diário de Anápolis teve acesso com exclusividade: desde abril, ela sabia que passava por uma suspeita de gravidez de risco, com descolamento do útero.
Em um diálogo no Instagram, Sumaya reclama da demora em conseguir atendimento já que tem uma situação de risco.
“Estou esperando a duas semanas por uma consulta de urgência com obstetra, consulta de alto risco pa estou com descolamento que esta aumentando e nada de consulta. Fora a raiva que passei para ter o primeiro atendimento no postinho. Não sei o que fazer pq tem um período para o exame morfológico e ele acaba semana que nem e nem a consulta soltaram ainda”, escreveu ela a um interlocutor.
Portanto, quando decidiu aceitar ser candidata pelo União Brasil em julho, ela já tinha conhecimento há, pelo menos, três meses de sua condição limitada e ainda assim não informou ao partido e continuou com seu nome posto, permitindo que a chapa atingisse o número mínimo de mulheres.