Por Henrique Morgantini
Com alegria, um animado Márcio Corrêa (PL) fala aos seus seguidores no Instagram sobre a superação de sua previsão inicial. Afinal, ainda durante a transição, o hoje prefeito de Anápolis anunciou a abertura de mil novas vagas de creche para a rede municipal. Mas em sua postagem da última sexta-feira (10) o número havia subido exponencialmente e ele anunciava ao lado da secretária de Educação, Adriana Arantes, 2,5 mil novas vagas.
Euforias à parte, a realidade é bem mais módica que a vontade do prefeito anapolino. Em entrevista ao jornal DM Anápolis, Adriana Arantes sugeriu que o número irá chegar, neste início de ano, a 440 novas vagas. Conforme o Anápolis Diário (AD) e o portal Observatório GO apuraram, ao menos metade destas novas vagas já estavam previstas pela gestão anterior, quando inaugurou o CMEI Pirineus. Com capacidade para 250 vagas, a unidade portanto representa metade da meta realista avistada pela secretária.
A criação de vagas em creches é um desafio para Anápolis, cujo déficit previsto é de 4,5 mil vagas. Mas, para se criar um número tão expressivo de espaços, é preciso também pensar na ampliação de toda a rede que atende o sistema municipal de ensino.
Por exemplo, para se criar 2,5 mil novas vagas, são necessárias a construção de 150 salas de aula, a contratação de 300 professores, 300 auxiliares e, ao menos, 100 a 150 cuidadores. As informações foram levantadas pelo AD por intermédio de uma consulta a uma técnica efetiva da Secretaria de Educação, que conversou com o portal sob a condição de anonimato, uma vez que teme retaliações por parte da nova gestão.
Há um limite de crianças por sala. Para o “Infantil I” são 12 alunos por sala. Já para os Infantil II e III, aumenta-se para 17 por sala. Todos em período integral, o que necessitaria a contratação de professores para os dois períodos. “Não é permitido por lei, por exemplo, o meio período escolar para as creches, então as vagas não podem ser simplesmente “dobradas” em seu numero original”, adianta a especialista em Educação.
“Todos os anos, é normal que se abram em torno de 1,2 mil a 1,5 mil novas vagas como “porta de entrada”. Essas se abrem naturalmente, com a evolução das classes, a saída de alunos, a ampliação do número de alunos nas classes, e etc. Isto é o normal, mas não podem ser chamadas de novas vagas, afinal este é o fluxo da rede”, ensina.
Além disto, há a questão da merenda escolar. A última licitação feita ainda em 2024, para a aquisição de todos os alimentos da merenda escolar foi com base em 37 mil alunos da rede municipal. “Para aumentar de uma vez quase 7% dos alunos é preciso um novo aporte na alimentação”, explica a técnica. Outra preocupação é quanto ao transporte das crianças, que teria de ser reavaliado e repensado por parte da gestão Márcio Corrêa. “Da mesma forma há os impactos com uniforme”, emenda.